Frase do dia:

"Animais selvagens nunca matam por esporte. O homem é o único que acha a tortura e a morte de seus semelhantes uma forma de diversão." (James Anthony Froude)

domingo, 24 de abril de 2011

Não adianta perguntar por quê

É impossível entrar na mente do matador para saber sua motivação, mas sabe-se que há premeditação e planejamento cuidadoso num assassinato em massa, diz ex-supervisora do grupo policial que inspirou a série de TV 'Criminal Minds'




Quem assiste ao seriado de suspense Criminal Minds (Mentes Criminosas) imagina certo glamour na rotina dos investigadores que cruzam os Estados Unidos a bordo de um jato especial e oferecem sua inteligência acima da média para a resolução de crimes como assassinatos em série. A Unidade de Análise Comportamental do FBI, o nome desse grupo de elite, existe. E Mary Ellen O"Toole acaba de se aposentar como uma de suas supervisoras.
O horror e o luto demonstrados pelos personagens da série nunca duram o bastante para estragar o entretenimento. Na vida real, a rotina de encontrar corpos e recolher sinais para pegar um assassino ou impedir que ele ou ela mate de novo é mais entediante e ainda deixa múltiplos nós morais e psicológicos desatados.
O"Toole foi autora de um dos primeiros relatórios encomendados pelo governo Clinton no período traumático que sucedeu ao massacre de Columbine, imortalizado no filme de Michael Moore. O que ela concluiu há dez anos continua valendo: a maioria dos doentes mentais não mata, não há um perfil do assassino em massa e não adianta perguntar o motivo pelo qual ele matou. Ele não existe para a pessoa sã que vive sob um código moral. O que adianta, diz O"Toole, é tentar prevenir. Na manhã seguinte ao massacre de Realengo, a ex-agente do FBI atendeu o Estado interrompendo o trabalho no livro Instintos Perigosos, que vai ser lançado nos Estados Unidos no segundo semestre. O"Toole despejará no livro sua longa experiência como observadora de personagens que desafiam a definição de humanidade.
Qual é, na sua opinião, o simbolismo da escola como cenário de um massacre?
Há um número grande de variáveis. O acesso relativamente fácil ao prédio é uma delas. O que a escola representou no passado ou os ressentimentos que a pessoa acumulou em sua experiência escolar é outra. A motivação para escolher estudantes como vítimas, uma terceira.
Qual a importância do chamado efeito copycat (imitação) nos crimes que a senhora analisou ou investigou pessoalmente?
Esse aspecto apareceu em muitos casos que conheço e vale também para violência em locais de trabalho. O fato é que não entramos na mente do assassino, não podemos afirmar com certeza sua motivação. Mas sabemos que sempre há premeditação, planejamento cuidadoso. A pessoa precisa ter disciplina para preparar ao longo de dias, meses, anos, um assassinato em massa. Sabemos que muitos dos autores de massacres pesquisaram outros casos e se informaram sobre um crime semelhante parece lhes dar mais confiança. Por isso fui contra a divulgação das fitas que os autores do massacre de Columbine gravaram e deixaram em casa. O assassino em massa costuma querer perpetuar seu gesto na memória das pessoas. Temos vários casos em que antes de matar e morrer eles se fotografaram e filmaram para obter algum tipo de reconhecimento na posteridade.
Outro aspecto frequente são sinais de alerta antes do crime, certo?
Sim. Por isso é importante a atenção da família e de pessoas próximas. Nem todas as pessoas que têm alucinações ou fantasias destrutivas de grandeza vão sair matando. A grande maioria dos doentes mentais não é violenta. Vou dar um exemplo: quando um jovem começa a evitar sua rotina e seu grupo - vai da cama para o computador antes de escovar os dentes, fica mergulhado obsessivamente em certas atividades sem fazer refeições -, eis um comportamento que preocupa. Acredito que diagnosticar o assassino com uma patologia não é tão importante quanto detectar comportamentos. Outro aspecto comum em assassinatos em massa é o que chamo de "cobrança de injustiça". Se uma pessoa passa anos remoendo um incidente menor - alguém tomou a vaga de estacionamento dela, por exemplo -, se sempre reage a uma injustiça, real ou imaginária, com uma cólera desproporcional, é outro sinal de alerta. Nunca devemos esquecer que o assassino em série ou em massa não acorda um dia e decide agir sob impulso. Estudei vários casos em que o planejamento do crime levou anos a fio.
Os termos sociopata e psicopata tendem a ser usados e misturados quando se fala de criminosos como o atirador de Realengo. Significam a mesma coisa?
A sociedade tenta enquadrar criminosos numa definição. A psiquiatria não reconhece o sociopata, mas sim o psicopata, e eu trabalhava com uma lista de características que ajudavam a compor esse perfil. A falta de consciência ou culpa é traço comum. Mas o criminoso pode, além de ter uma doença mental, demonstrar desordens de personalidade. Como você não pode testar, com papel e lápis, o estado mental do criminoso, nos casos de assassinos em série íamos construindo o perfil a distância, com análises da cena do crime, da evolução e dos detalhes de violência. A psicopatia pode se manifestar cedo, mas a psiquiatria não faz diagnósticos definitivos antes dos 18 anos porque o cérebro do adolescente ainda está em formação.
A sociedade brasileira votou contra o desarmamento num plebiscito. Nos EUA, a questão do porte de arma está profundamente enraizada em debates constitucionais. A senhora acha que o direito de comprar uma arma automática deve ser protegido, mesmo quando ela pode cair nas mãos de um sujeito perturbado como o que atirou em 19 pessoas, matou 8 e feriu gravemente a deputada Gabrielle Giffords, em fevereiro, no Arizona?
Eu não entro no debate constitucional, mas quero dizer o seguinte: para um assassino cumprir sua missão com o maior numero de vitimas possível, ele tem que ter acesso a um tipo de arma automática ou rapidamente recarregável. Mas é importante também notar que, quando decide causar tantas mortes, a pessoa está determinada, tem um zelo missionário. Não sei se uma pessoa nesse estado é detida por obstáculos como leis de restrição ao porte de armas.
Quando uma tragédia como a de Realengo desafia nossa compreensão, uma reação comum no Brasil é questionar princípios democráticos como direitos humanos. Isso acontece nos Estados Unidos também?
Sim, e esse caso é especial porque, além de envolver crianças, há o aspecto hediondo da morte no estilo de execução. Acredito que possamos ter pessoas menos sensibilizadas com esse tipo de tragédia nos Estados Unidos porque já testemunhamos outros crimes semelhantes diversas vezes... Imagino que, no Brasil, a sociedade se movimentará para avaliar a tragédia, como sucedeu em Columbine e depois na Virginia Tech, em 2007, quando um estudante sul-coreano matou 32 pessoas. Na Finlândia, onde o massacre vitimou nove estudantes em 2007, comissões também examinaram o crime. Acho que isso ajuda a aplacar o luto coletivo.
Em março, um site tirou do ar o videogame School Shooter: North American Tour 2012 (Atirador na Escola: Tour Norte-Americano 2012). O que a senhora acha de um indivíduo que cria um vídeo para as pessoas se divertirem assassinando estudantes ao estilo do massacre de Columbine? A senhora acredita que a violência na mídia provoque violência?
Não acho que o criador desse site seja necessariamente doente. Acho que pode ser alienado. Se fosse apresentado corretamente ao horror de Columbine, poderia cair em si e sentir vergonha do que fez. Sim, sabemos que jovens com certas tendências de comportamento podem querer realizar as fantasias dos jogos, ainda mais se submetidos por muito tempo a imagens violentas e em estado de isolamento. Mas nenhum videogame fabrica um assassino. Como também não há um só fator na sua construção. O comportamento que leva ao crime é evolucionário.
Lúcia Guimarães - O Estado de S.Paulo

segunda-feira, 14 de março de 2011

O Cyberbullying


O cyberbullying é o bullying praticado com recurso às novas tecnologias, sejam elas o telemóvel ou a Internet. Fenómeno moderno ou consequência da evolução, o cyberbullying é ainda uma realidade pouco conhecida mas com efeitos de algum modo preocupantes.

A intimidação virtual, representa um dos maiores riscos da internet para 16% dos jovens brasileiros conectados à rede. Isso é o que mostra uma pesquisa realizada em fevereiro de 2010 pela Safernet, ONG de defesa dos direitos humanos na internet, envolvendo 2.160 internautas do país com idades entre 10 e 17 anos. Esse mesmo estudo indica que 38% dos jovens reconhecem ter um amigo que já foi vítima de cyberbullying – quando sofrem atitudes agressivas, intencionais e repetitivas no universo virtual, vindas de uma pessoa ou de um grupo. Os números mostram, no entanto, que apenas 7% dos entrevistados já ouviram o desabafo de seus amigos sobre a vivência de situações de agressão e humilhação na internet.

A prática reúne ações de discriminação não identificadas, porém a legislação do crime da internet possibilita a quebra de sigilo de trafego da internet e o praticante de cyberbullying pode ser descoberto. Entre as mídias sociais, as mais populares são o principal local para o cyberbullying. Já é comum encontrar ultrajes no Orkut, no Facebook, no Twitter e em mensagens pelo MSN. Há vários relatos no Brasil e no exterior, de adolescentes que entraram em estado depressivo a ponto de se suicidarem após sofrerem, por meio de mensagens eletrônicas, discriminação e diversas ofensas.



Especialistas afirmam que a Internet facilita ainda mais o mau comportamento ou o comportamento anti-social. O anonimato permitido pela Internet encoraja os agressores, já que eles se sentem protegidos das conseqüências de seus atos. Judith Donath, professora da MIT (Massachusetts Institute of Technology - Instituto de Tecnologia de Massachusetts), que estuda mídias e redes sociais, disse à CNN que as interações online mudam facilmente as percepções das pessoas do que é ou não aceitável. Isso também pode contribuir para uma sensação de que os outros jogadores ou participantes não são seres humanos reais [fonte: CNN.com].

sexta-feira, 11 de março de 2011

Bullying


A violência é um problema de saúde pública importante e crescente no mundo, com sérias conseqüências individuais e sociais, particularmente para os jovens, que aparecem nas estatísticas como os que mais morrem e os que mais matam.

Uma das formas mais visíveis da violência na sociedade é a chamada violência juvenil, assim denominada por ser cometida por pessoas com idades entre 10 e 21 anos. Grupos em que o comportamento violento é percebido antes da puberdade tendem a adotar atitudes cada vez mais agressivas, culminando em graves ações na adolescência e na persistência da violência na fase adulta.Quando abordamos a violência contra crianças e adolescentes e a vinculamos aos ambientes onde ela ocorre, a escola surge como um ambiente pouco explorado e com um índice elevado de violência, aqui iremos abordar um tipo de violência que na literatura é referido como Bullying.

Por definição, bullying compreende todas as atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes
contra outro(s), causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder. O Bullying se encontra presente, possivelmente, em variadas situações, tais como, colocar apelidos, ofender, zoar, gozar, sacanear, humilhar, discriminar, excluir, isolar, ignorar, intimidar, perseguir, assediar, aterrorizar, amedrontar, tiranizar, dominar, agredir, bater, chutar, empurrar, ferir, roubar, quebrar pertences, etc.

Normalmente existem três tipos de pessoas envolvidas nessa situação de violência: o expectador, a vítima e o agressor. O expectador é aquele que presencia as situações de Bullying e não interfere, sua omissão deve-se por duas razões principais: por insegurança e medo de sofrer represálias ou, por sentir prazer com o sofrimento da vítima mas não tem coragem de assumir a identidade de agressor. A vítima, costuma ser a pessoa mais frágil, com algum traço ligeiramente destoante do modelinho culturalmente imposto ao grupo etário em questão, traço este que pode ser físico ou emocional, ou seja presas fáceis. Os agressores no Bullying são, comumente, pessoas antipáticas, arrogantes e desagradáveis. Alguns trabalhos sugerem que essas pessoas vêm de famílias pouco estruturadas, com pobre relacionamento afetivo entre seus membros, são debilmente supervisionados pelos pais e vivem em ambientes onde o modelo para solucionar problemas recomenda o uso de comportamento agressivo ou explosivo. Há fortes suspeitas de que as crianças ou jovens que praticam o Bullying têm grande probabilidade de se tornarem adultos com comportamentos anti-sociais, psicopáticos e/ou violentos, tornando-se, inclusive, delinqüentes ou criminosos. Normalmente o agressor acha que todos devem atender seus desejos de imediato e demonstra dificuldade de colocar-se no lugar do outro.

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